terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Espanto Moral

Ainda estou abismado com a mais nova malandragem do governo federal. Mas menos pelas consequências econômicas da chantagem do governo Dilma para escapar da justa punição por ter desrespeitado fragorosamente a lei do que por suas implicações morais.

É ingênuo pensar que a postura da mais alta executiva do país não influencie o comportamento do resto da população. E qual é o mais recente exemplo que Dilma Rousseff nos deu? O de que a chantagem pura e simples é uma prática republicana válida, legítima.

Sejamos claros. A "presidenta" descumpriu a LDO, cometeu crime, e poderia até mesmo perder o mandato por isso. Para escapar dessa possibilidade  - que, sinceramente, ainda que que não houvesse qualquer modificação na lei para tornar o ilegal, legal, acho que seria extremamente difícil de se concretizar - a mãe Dilmona publicou decreto no Diário Oficial da União abrindo a torneira dos cofres públicos, liberando e aumentando a verba destinada às emendas parlamentares. 

Só que, pro capilé sair, os parlamentares têm que se comportar direitinho e fazer o que mamãe Dilmona ordena, ou seja, livrar a cara da digníssima do crime que ela cometeu. Senão, nada feito: não têm nem a grana das emendas e muito menos o aumento dessa verba (leia-se bônus por bom comportamento).

Evidentemente, o dinheiro das emendas, se corretamente utilizado, ajuda às respectivas regiões de origem dos parlamentares, e sua falta pode atrapalhar ou até mesmo impedir a realização de projetos importantes para o progresso desses lugares (como obras de infraestrutura, saneamento básico, escola, hospitais, etc., ainda mais no Brasil, país altamente dependente do Estado), o que, de resto, só agrava a imoralidade da chantagem! 

Mas penso que, ainda assim, caberia aos parlamentares, em prol de um bem maior - a preservação da moralidade pública, tão em falta nos dias de hoje - rejeitar a proposta do planalto e lutar pela liberação das emendas em outra oportunidade e com outras armas, mais verdadeiramente republicanas.

Mas, ainda que a proposta seja recusada, é inevitável: ao se comportar da maneira como se comporta, a presidente da república degrada a moral do país e dá um péssimo exemplo tanto ao congresso quanto ao resto dos cidadãos, incentivando-nos a ser imorais também, ao criar um ambiente de permissividade e elasticidade moral.

Quem mais deveria dar o exemplo de estrita correção é justamente a primeira pessoa a quebrar as regras em benefício próprio. Temo pelo destino do Brasil nas mãos de líderes assim, que ao invés de construir, destroem!

ps. A LDO ainda não foi alterada, a votação deve ocorrer hoje. Ainda está em tempo de o congresso dar o exemplo, se a presidente não o faz.

ps2. Duvido que o congresso vá dar o exemplo.

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