segunda-feira, 8 de junho de 2015

Existe Planejamento No Brasil?

Lendo, constantemente, notícias como esta, de atrasos (gigantescos) em obras, revisões - sempre para cima - nos orçamentos (o que, felizmente, ainda não se verificou nessa obra, pelo menos do que se pode depreender da reportagem), revisões no projeto, etc., a impressão que sempre fica é a de que as obras públicas no Brasil são feitas na base do puro achismo, seguindo o horóscopo do jornal.

Porque vejam bem, toda vez que uma obra atrasa, o que ocorre em 11 de cada 10 obras públicas no Brasil, uma das principais desculpas é a demora na liberação das respectivas licenças ambientais. Mas pombas, toda vez essas licenças demoram para serem expedidas! Será que ninguém teve, até hoje, a brilhante ideia de incluir essa demora já no projeto base, de sorte que o cronograma inicial das obras seja, de cara, realista, mais preciso?

Ou, vai ver, tais cronogramas já sejam precisos, só não visam dar conta da obra em si, mas sim do calendário eleitoral e de certos bolsos.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Reviravolta-vira-volta-vira.

Que coisa, não? O Brasil é mesmo um país do balacobaco! Quando parte do país (eu incluído) já achava que a Lava Jato deixaria de fora do "corte final" seus dois protagonistas, Lula e Dilma, eis que Ricardo Pessoa - dono da empreiteira UTC e chefe do Clube do Bilhão, verdadeiro homem-bomba do PT - resolveu abrir o bico e fechar acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR). 

Comemoremos! Se tem alguém em plenas condições de levar Lula e Dilma à ribalta e de lá às grades da prisão, esse alguém é Ricardo Pessoa. 

Amigo pessoal de Lula (ou seria, agora, ex-amigo?), Pessoa viu sua empreiteira crescer enormemente nas gestões petistas - de uma receita líquida de R$ 1,6 bilhão em 2011 para R$ 4 bilhões em 2013 - e, sabemos agora, tal crescimento vertiginoso não foi somente fruto da eficiência e competência da empresa, tinha muita roubalheira envolvida. Parte da qual foi parar nos bolsos fundos do PT. 

Se disser e comprovar tudo o que já andou insinuando por aí, o governo Dilma está com os dias contados. Dependendo da força das suas declarações "oficiais", caberá até mesmo o pedido de cassação do registro partidário do PT.

Já estou começando a torcer: Pessoa! Pessoa! Pessoa!

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Apelo Urgente Aos Senadores Brasileiros

Segue abaixo e-mail enviado ao senador Antônio Anastasia, de Minas Gerais, à respeito da indicação do advogado Luis Edson Fachin para a vaga deixada por Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. De resto, o que vai abaixo vale para todos os demais senadores.



Prezado Excelentíssimo Senhor Senador Antônio Anastasia,

Venho fazer-lhe um apelo bastante encarecido, tanto como orgulhoso mineiro quanto como seu eleitor. 

Como membro da Comissão de Constituição e Justiça do Senado caberá ao senhor, nesta terça-feira, sabatinar Luis Edson Fachin, postulante à vaga de Ministro da Suprema Corte brasileira. 

Peço, e creio que não falo somente por mim, mas também pelos meus familiares, amigos e todos aqueles mineiros (e brasileiros) que comungam dos valores consagrados na nossa Constituição Federal, que vote CONTRA à nomeação de Fachin para o STF! Este senhor nutre desprezo, arrisco dizer até mesmo verdadeiro ódio, por alguns dos valores mais caros ao povo brasileiro, a saber, a propriedade privada e a família.

Este senhor já deixou perfeitamente claro, em mais de uma ocasião, tanto no passado "remoto" quanto no recente, que não honra tais valores e que se julga imbuído da missão de não "simplesmente" julgar, imparcialmente, de acordo com nossa Carta os casos que lhe chegarem às mãos, interpretando-a sim, sempre que necessário, mas sempre de maneira secundária e perfeitamente alinhada aos valores maiores nela contidos - entre eles, sim, a família e a propriedade privada - mas reinterpretar e remodelar completamente o texto constitucional de acordo com seu próprio arbítrio e senso distorcido de justiça. 

Estará lá não para julgar, mas para militar, não para ser arauto da Constituição, mas para ser um político a tentar modificá-la. E ISSO SIMPLESMENTE NÃO PODE ACONTECER, Senhor senador! É o presente e o futuro do Brasil e das vidas de todos os indivíduos que nele residem, constroem e vivem as suas vidas que está em jogo! 

Por favor, não ceda à lógica do compadrio mais maléfico, votando a favor da nomeação somente para não desagradar a um colega de partido seu, ou faça tal como fez esse colega, o excelentíssimo senador Álvaro Dias, que deu parecer favorável ao postulante simplesmente pois ele fez carreira no mesmo estado do senador. Não traia seus milhares de eleitores (eu incluído), senador, nossa confiança e nossos valores! Ademais, desnecessário dizer que o senhor nos representa e aos nossos valores, não ao senhor Álvaro Dias e aos seus interesses.

O senhor Luis Edson Fahcin não está a altura, moral principalmente, do cargo e da missão que a presidente deseja lhe dar e cabe ao senhor e aos seus excelentíssimos colegas dizer não!

Sem mais por ora. 

Atenciosamente,

Bruno de Paula Assunção

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Sem Gás!

O Brasil está ficando para traz. Levantamento da Folha mostra que o poder de compra do brasileiro regrediu em 2014.

O levantamento mostra que, no ano passado, como proporção da renda americana, o PIB brasileiro, medido em PPC (Paridade do Poder de Compra) ficou em 29,5% do PIB dos Estados Unidos, em leve queda em relação ao patamar anterior, de 30%. 

O PIB medido e comparado pelo PPC leva em conta o poder de compra da moeda de cada país, ou seja, seu valor em termos dos seus próprios preços/custo de vida locais na hora de converter o PIB da moeda local do país para o dólar. 

Um rápido exemplo nos ajuda a entender: Suponhamos que um americano típico ganhe em média 4 vezes mais que um  brasileiro comum. Suponhamos também que os bens e serviços que ambos consomem, ou seja, suas cestas de consumo, sejam as mesmas (sim, isso obviamente não corresponde à realidade, mas é uma hipótese que ajuda a entender a PPC). Fossem os preços da cesta de bens iguais em ambos os países, naturalmente o brasileiro consumiria 1/4 daquilo que o americano compra e diríamos que a renda da brasileira é 25% da americana. 

Mas imaginemos agora que os preços no Brasil sejam bem mais baratos e que a mesma cesta de consumo custe 3 vezes menos aqui do que lá. Assim, por mais que nossa renda seja mais baixa, nosso custo de vida também é! Fazendo as contas, veríamos que a quantidade de bens e serviços consumidos no Brasil seria 3/4 daqueles nos EUA, ou seja, nossa renda relativa seria não 25%, mas 75% da renda relativa americana! A PPC faz exatamente isso, comparado os PIBs dos países em termos de seu próprio poder de consumo de bens e serviços (expressos então em uma moeda comum, geralmente o dólar, para poderem ser comparados).

Mas volto ao leito. Contrariando o discurso oficial/petista, isso não teve nada a ver com a crise internacional, tendo sido causada única e exclusivamente pelas nossas trapalhadas internas na condução da economia. Basta ver que um grupo bastante heterogêneo de países, de diversas regiões do globo, incluindo aí vizinhos latino-americanos como o Chile, vem conseguindo sistematicamente reduzir sua diferença para a maior economia do planeta e, importante frisar, em termos porcentuais, ou seja, levando em consideração também o crescimento do PIB americano, além do seu próprio*.

De fato, estamos perdendo até para nós mesmos!, já que na década de 80 essa proporção chegou a atingir 38%.

Tão importante quanto constatar nossa tendência negativa é constatar o patamar absoluto em que nos encontramos: 30%!!! Vizinhos nossos, como Uruguai e Chile possuem renda relativa de 37,7% e 42,1%, respectivamente. Não só temos falhado em fechar o gap que nos separa dos países desenvolvidos como temos patinado há bastante tempo num patamar, na minha opinião, bastante baixo. Outros países, como Coréia do Sul e Taiwan têm obtido ainda mais sucesso: 64,6% e 84%, respectivamente.

E nunca é demais lembrar, em 1960, a renda per capita brasileira e sul coreana eram bastante similares, com ligeira vantagem para a... brasileira. "Ah, Bruno, 1960 já passou faz tempo, que importância tem isso para o cenário de agora?" TODA!!! Desenvolvimento econômico (e social) é uma maratona, não 100 metros rasos, e uma maratona com barreiras! Decisões tomadas em economia têm efeitos duradouros no tempo.

Muito do país que hoje somos, economicamente, foi plantado nas décadas de 1950, 1960... em um processo cumulativo que foi lançando as barreiras e oportunidades - mais barreiras que oportunidades -, traçando o cenário de então e influenciando (ou melhor seria determinando) toda a trajetória de crescimento subsequente, até os dias de hoje. Analogamente, estamos, hoje, através das nossas escolhas em política econômica, construindo a economia  na qual nossos filhos e netos terão de viver e, a julgar pelo que temos feito nessa seara, na qual terão de se virar.





* Suponhamos que o país A cresça 7%  e o país B cresça 10% em um determinado ano. Ainda que ambos tenham tido crescimento excepcional, a renda do país A como proporção da renda do país B irá cair, já que o país B cresceu ainda mais rápido que o A - a divisão PibA/PibB cai. Ou seja, para que a proporção da renda do país A  em relação a B aumente é preciso que ele cresça ainda mais rápido que B - fazendo divisão PibA/PibB aumentar. Caso ambos os países tenham o mesmo crescimento, obviamente, a divisão se mantém constante e a renda de A continua com a mesma proporção da renda de B.

domingo, 3 de maio de 2015

Fabio Porchat, A Ancine, Cotas No Cinema, O Mercado E A Liberdade.

Vamos então dar pitacos novamente em uma das minhas maiores paixões: cinema! :)

Pois é, fiquei sabendo que a dupla Fabio Porchat-Ian SBF tá com um novo longa na praça. Não conferi a película ainda, mas li a crítica no Omelete (bastante elogiosa por sinal) e sim, estou bastante a fim de ver o filme. 

Dito isso, vamos ao que me incomoda. Fábio Porchat, protagonista do filme, postou em seu Facebook esta foto com o seguinte
comentário: "Agradecer ao Sr. Araújo do Multiplex do Bauru Shopping por estar ajudando tanto o cinema nacional.#TaFodaCompetir". 

Qual é o problema nisso tudo? O problema de que o cinema é de propriedade do Sr. Araújo e, assim sendo, ele tem, ou deveria ter, o direito de passar nas suas salas o filme que ele bem entender, tantas vezes quantas ele quiser!  Seu único compromisso é servir da melhor maneira possível os seus clientes. Evidentemente, às pessoas, cabe o direito de julgar se estão efetivamente sendo bem servidas e decidir se querem frequentar o cinema do Seu Araújo ou não.

A hashtag "TaFodaCompetir" dá a entender que há uma "competição desleal" no mercado, o que é simplesmente falso. Ao senhor Araújo, enquanto empresário, cabe explorar da maneira mais eficiente que puder a demanda existente por filmes (algo que é dado) de modo a maximizar seu lucro, algo totalmente legítimo e, sim, nesse caso, em si mesmo, moralmente correto (uma obviedade infelizmente necessária de ser dita no Brasil, país que ainda vê o lucro como a encarnação do capeta). Se isso significa passar o mesmo filme - dublado ainda por cima, argh! - em praticamente todas as sessões de todas as salas, paciência!

"Ah, Bruno, mas a falta de diversidade compromete a formação de novas plateias e a cultura cinematográfica brasileira!". Concordo! Mas ainda assim, pergunto: e daí? Primeiro: não é missão do Seu Araújo formar novas plateias, fomentar a cultura nacional e nem "ajudar" ninguém, como pede Fábio Porchat. Segundo: ainda que eu queira - e eu quero - ver mais pessoas frequentando mais vezes o cinema para ver uma maior variedade de bons títulos sendo exibidos, também não é menos verdade de que eu não tenho o direito nem a legitimidade para forçar ninguém a fazer o que eu quero!

Irrita, muito!, também essa mania do brasileiro, esse "complexo de mendigo", principalmente na cultura, de ficar sempre pedindo ajuda pra tudo. Ao invés de merecer e conquistar as coisas, superando os obstáculos, estamos sempre pedindo que alguém simplesmente os removam da nossa frente. Se essa ajuda vem de maneira voluntária, nada contra; o problema se dá quando somos obrigados a ajudar alguém, quer seja essa a nossa vontade ou não, como, por exemplo, quando a Ancine diz que irá impor uma cota de filmes nacionais, de modo a incentivar indústria cinematográfica nacional, ou quando o estado destina dinheiro público para produções culturais através da Lei Rouanet (que na minha opinião deveria ser abolida).

"Mas sem essa ajuda as coisas seriam muito mais difíceis, praticamente inviáveis, para muitos, a maioria dos artistas". Sim, sem dúvida, como já o são, exceto para aqueles "amigos do rei" que são agraciados com dinheiro do contribuinte. Para esse problema, respondo da seguinte maneira: assim como para a esmagadora maioria de todos nós, se virem! 








quarta-feira, 1 de abril de 2015

Importante Retrocesso No Empreendedorismo Brasileiro.

Olhem só que belezura! O governo de Minas Gerais, meu amado estado, possuía desde 2013 um programa de fomento ao empreendedorismo chamado Seed (Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development), cujo objetivo, que no meu entendimento estava, sim, sendo cumprido, era fomentar o empreendedorismo através de apoio tanto monetário quanto capital físico e humano às startups selecionadas. Detalhe, o programa não era limitado ao estado e nem mesmo ao Brasil, já que na incubadora mineira havia projetos de empreendedores vindos de outros países.

O Seed foi montado com investimento inicial "de R$ 9,5 milhões, para montagem da sua estrutura física e financiamento de duas turmas de startups e, até hoje, apoiou 73 projetos de 12 países que, juntos, faturaram R$ 23 milhões, geraram 145 empregos e captaram R$ 10 milhões em investimento privado". Ou seja, o programa era claramente viável economicamente e isso com apenas 2 anos de existência! Além disso, por conta de sua estrutura, o programa já havia sido elogiado internacionalmente: tudo o que era necessário para participar do programa, fazendo coro ao lema do Cinema Novo, era, literalmente, uma boa ideia na cabeça e disposição para trabalhar.

Mas como o Brasil é realmente um país extraordinário, sui-generis, o que fez a nova administração, petista, do estado? Fechou o programa, exonerando os coordenadores do projeto e deixando ao léu as startups. E fez isso de supetão, sem avisar ninguém, com a desculpa mais esfarrapada possível. 

Em entrevista ao Link, do Estadão, tentando justificar a medida, tudo o que o secretário de Altamir Rôso, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede), conseguiu for dar ainda mais desculpas esfarrapadas. Repetiu a ladainha de que o programa está apenas em reavaliação e que não há qualquer chance de ser definitivamente suspenso (isso porque, logo quando surgiram os primeiros boatos de que o programa poderia ser fechado, o governo mineiro havia informado que "o Seed não corria qualquer risco de ser suspenso ou interrompido") e ainda demonstrou possuir uma mentalidade mercantilista (leiam a entrevista). Lamentável.

Ora secretário, ainda que o programa precisasse realmente ser reavaliado, discussão na qual nem entro, essa é realmente a maneira certa de fazer as coisas?! Suspendendo completamente as atividades de um programa que vinha, sim, dando certo, gerando receitas, empregando gente e ajudando a construir uma cultura empreendedora no Brasil e deixando desamparados os jovens empresários participantes?! É assim que se faz uma reavaliação, desmontando toda a equipe encarregada de tocar o projeto até então?! Faça-me o favor!!!

Sou liberal, logo, no meu mundo ideal, iniciativas como o Seed ficariam a cargo da iniciativa privada (até mesmo para diminuir a probabilidade de absurdos como o que está ora em curso), mas obviamente não me oponho quando um governo toma tal iniciativa. É o famoso "ensinar a pescar".

No mais, o desastre só aumenta quando levamos em conta que o Brasil é um país, sim, atrasado tecnologicamente e que inova muito pouco. É torcer para que a pressão dos empreendedores surta efeito e o governo recue da "reavaliação".

segunda-feira, 30 de março de 2015

Levyano. Ou: Levy, Por Favor, Fica Quietinho!

Joaquim Levy, a quem já manifestei e mantenho o meu apoio na execução dos dolorosos ajustes na economia brasileira, deveria se ocupar de trabalhar e, de resto, ficar quieto. Pois, se é infinitamente mais bem articulado verbalmente que Dilma Rousseff - ele consegue formular, da própria cabeça, uma frase com sujeito, predicado e sentido, o que ela não sabe fazer - suas declarações públicas não podem ser consideradas exatamente "boas".

Nesta segunda-feira, na tentativa de consertar a burrada (ainda que factualmente correta) dita na terça-feira passada, no encontro na Universidade de Chicago, o ministro disse que o destaque foi dado à parte "irrelevante" da sua fala, com o objetivo de "criar um banzé". 

Disse o ministro: "você podia ter pegado um pedaço da frase e ter sublinhado a parte relevante, que a presidente tem genuíno interesse em endireitar as coisas"; "Dilma tem genuíno interesse em endireitar tudo que está no Brasil"; "pegaram parte irrelevante da sentença" e "as pessoas podem pegar trecho irrelevante da minha fala para criar um banzé".

Peço vênia ao ministro, mas reforçar as boas intenções da presidente quando toma medidas na economia só serve para reforçar a outra parte da sentença, a de que tanta boa intenção só resulta, na prática, em cagadas (peço perdão pelo termo), em políticas econômicas desastrosas. Ainda que não queira, o ministro joga a presidente no ditado popular: "de boas intenções o inferno está cheio". Reforça ainda o caráter amadorístico da mandatária - o que, convenhamos, é verdade! - dando a entender que a presidente é "café com leite".

Como dito no meu post anterior, as declarações do ministro só aumentam o isolamento político de Dilma e dificultam a aprovação do seu pacote no congresso, o que, mesmo sem esses complicadores adicionados pelo ministro, seria já bastante difícil.

Evidentemente que, depois que suas declarações no evento caíram no conhecimento popular, caberia ao ministro (tentar) remendar as coisas, mas não creio que ele o esteja fazendo "da maneira mais efetiva". 

Mas, de todo modo, também é evidente que este jogo contínuo de declarações e consertos não faz bem ao país. Passa, no mínimo, a imagem de uma presidente e seu ministro fora de sintonia, diminuindo nos agentes a confiança na aprovação e continuidade das medidas de ajuste econômico, o que, consequentemente, diminui seu ímpeto de retomar seus investimentos - tão necessários ao Brasil.

Lembro ainda que a nota da dívida soberana do Brasil só não foi rebaixada pelas agências de classificação de risco, o que nos faria perder o grau de investimento, por um voto de confiança no ministro (voto mais fácil de ser mantido no futuro caso se acredite que a presidente e Levy estão no mesmo compasso). A perda desse grau jogaria ainda mais a economia brasileira na lama e tanto dificultaria quanto atrasaria a nossa recuperação.

Portanto, pelo bem do Brasil, de agora em diante Joaquim Levy deveria limitar-se a trabalhar e, no mais, ficar de boca fechada.

sábado, 28 de março de 2015

Pedindo Pra Sair?

O ministro da fazenda, Joaquim Levy, em notícia veiculada na Folha de São Paulo, disse em evento fechado na escola de negócios da Universidade de Chicago (onde obteve seu PhD) que, apesar de "haver um desejo genuíno da presidente em acertar" na condução da economia, ela, "às vezes", não age "da maneira mais fácil e efetiva". Em bom português, o que Levy disse é que a presidente não manja nada de economia. 

A declaração é de tal sorte ruim - do ponto de vista do Planalto - o que, de resto, só contribui para aumentar o isolamento politico da presidente, que me leva a suspeitar que o ministro esteja cogitando pedir o chapéu. Já já digo porque acho isso.

Não é a primeira vez que o ministro critica, publicamente, medidas tomadas na gestão anterior da presidente e nem é a primeira vez que leva um pito público por causa disso - o que certamente irá ocorrer, novamente, dessa feita. Em outra ocasião, Joaquim Levy também já deixou claro que, sem o pacote fiscal, que ainda depende ser aprovado no congresso, pede pra sair do governo, o que seria economicamente desastroso para o país. O busílis é que Renan Calheiros, presidente do senado, declarou a empresários no dia 24 deste mês que, do jeito que está, o pacote não passa.

Não creio que Joaquim Levy seja idiota - a bem da verdade o reputo com um homem bastante inteligente - logo também não creio que ele não soubesse o peso do que estava dizendo ou que achasse haver qualquer possibilidade de as suas declarações não vazarem para a imprensa. O que significa que ele disse o que disse sabendo muito bem o que falava e que tinha plena consciência de que chegaria aos ouvidos da presidente, inclusive através da imprensa, o que é pior - já que uma coisa é tecer críticas reservadas à presidente, no mano a mano, outra é fazer a mesma coisa em público, a uma platéia qualificada e que certamente vazaria, depois, para o público em geral.

O que me leva a perguntar: por quê? É certo que Levy é um técnico, não um político, mas não creio que seja pré-requisito ser do ramo para "juntar lé com cré" e chegar à incrível conclusão de que não se deve criticar seu chefe em público.

Juntando os dois parágrafos anteriores, começo a suspeitar que o ministro, pressentindo que seu pacote fiscal poderá ser esquartejado no congresso, podendo até mesmo perder sua fisionomia enquanto tal, esteja querendo "cavar" uma demissão, criar um clima tal de desagrado entre ele e a presidente, de modo a justificar, mais a frente, seu pedido de demissão do cargo sem passar a imagem de que "amarelou" ou de que abandonou o barco afundando, tal como um Schettino.

A ver os próximos movimentos.

quarta-feira, 4 de março de 2015

O Brasil Subiu No Telhado.

Pois é, o Brasil subiu no telhado! É inflação alta, recessão econômica, mega escândalo de corrupção, crise política e, no meio disso tudo, uma presidente que mal consegue construir uma frase com sujeito e predicado. A coisa tá preta. 

Mas, como nada está tão ruim que não possa piorar, eis que leio no blog do Reinaldo Azevedo - de Veja - que Joaquim Levy não gostou nada nada da devolução, por parte de Renan Calheiros, presidente do Senado, da Medida Provisória que continha o aumento dos encargos trabalhistas, parte do ajuste fiscal promovido pelo ministro, e mandou o recado: se não tiver ajuste fiscal, eu pulo fora do barco!

Quem me conhece um pouquinho melhor sabe que têm poucas coisas que eu gosto menos que impostos. E o Brasil já tem uma carga tributária pra lá de alta. Aumentá-la, portanto, é algo que não me deixa nem um pouquinho contente. No meu mundo ideal, o ajuste seria feito única e exclusivamente pelo corte de gastos públicos, sem um centavo de aumento de impostos. Mas e daí? Não vivo no mundo que eu quero, vivo no mundo que há e no mundo que há o grupo político que está no poder e muito especialmente Dilma Rousseff não acreditam na iniciativa privada, em um Estado enxuto, pequeno, em privatizações - sim, pro meu gosto, privatizava não somente a Petrobras, privatizava também o Banco do Brasil, o BNDES, a Caixa Econômica Federal, a Eletrobras, as estradas, os portos e aeroportos, os museus e até os hospitais, as escolas e as universidades -, austeridade, nada disso. Eles gostam mesmo é de um Estado grande, perdulário, patrimonialista, balofo.

Mas pior do que a elevação na carga tributária de um país com impostos estratosféricos é um país com impostos estratosféricos e quebrado. Já que até as amebas sabem que esse governo não vai cortar fundo na carne, no máximo um arranhãozinho (as reduções anunciadas nos gastos públicos serão a "esmagada minoria" do total do ajuste fiscal), o jeito é ficar com o mal menor. Na falta do bom, a gente escolhe o menos ruim. É nesse exato sentido e medida o meu apoio às medidas tomadas por Joaquim Levy, o único ainda com credibilidade nessa turma e, dentro da sua área de atuação, com a possibilidade de botar alguma ordem nessa quizumba. E que agora ameaça pedir o chapéu.

A situação do planalto no congresso é extremamente complicada, a articulação política é pior do que lixo (não serve nem pra ser reciclada); é real a chance de as medidas de ajuste não serem aprovadas. Caso elas sejam rejeitadas e o ministro da fazenda não dê para trás e peça pra sair, é certo como dois mais dois são quatro que a crise irá se agravar bastante, com (mais) fuga de investidores, contração no consumo, desancoramento das expectativas de inflação, queda nas notas de rating... Enfim, o país piorará ainda mais.

O Brasil subiu no telhado. Resta agora saber se irá descer ou cair lá de cima.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Porque Sou Contra O Aborto I

Li agorinha há pouco no Facebook um post de uma amiga minha que, se interpretei corretamente, defende a legalização da prática valendo-se em dois argumentos: liberdade individual e contenção de danos. Foco neste post no primeiro argumento.

Antes de começar, como esse é um tema pra lá de espinhoso, em que a discussão descamba fácil, fácil para a briga pura e simples, faço um alerta importante: discordo da opinião dessa minha amiga (e de muitos outros amigos meus), sobre o tema, acho, sim, que ela está redondamente errada sobre a questão, mas e daí? Não é por isso que vou brigar, considerá-la uma pessoa má, sem coração, que vai arder eternamente no inferno, etc. e tal. A discussão aqui é do tema, não de intenções, que à consciência de cada um pertence. 

Ainda que não cheguemos em um acordo, e realmente não acho que chegaremos - e nem vejo porque chegaríamos, já que isto é um debate, não uma conversão - continuarei a ter por ela, e por todos meus outros amigos que por ventura defendam a legalização do aborto, o mesmíssimo afeto e estima que por eles sempre tive.

Dois - e esse parágrafo vai ser o mais chato do texto -, ainda que, repito, considere as posições a favor da legalização do aborto moralmente hediondas e intelectualmente insustentáveis, devo eu ser tolerante, não apenas porque a tolerância é uma das maiores virtudes, mas principalmente porque, acreditando piamente e sendo ferrenho defensor do livre-arbítrio, é forçoso reconhecer que o erro é um direito! Explico: Se alguém vier e me disser que a força da gravidade não existe, ou que E não é igual a mc², ou ainda que 2 + 2 = 5, obviamente essa pessoa está errada. Mas eu pergunto novamente: e daí? Qualquer indivíduo tem o direito inalienável de achar que 2 + 2 = 5 ou que E não é igual a mc², ainda que, obviamente, errado. Logo, tolerância não é nem mesmo uma virtude, é um dever! 

Tudo isso pra dizer que eu quero discutir, não brigar. Então vamos lá.

Apesar do tema muito me interessar, relutei em escrever sobre ele no blog já que o foco da discussão aqui é economia. Ainda assim, considero o post que se segue um dos mais importantes que escreverei no blog.

O argumento mais básico e na minha opinião o mais honesto a favor da legalização do aborto é o do livre-arbítrio. Faz parte do escopo das liberdades individuais da mulher interromper a própria gravidez. Concordaria com ele e, sinceramente, seria o único necessário caso não houvesse o direito à vida e os interesses de um outro ser-humano - que, para muitos dos que defendem a prática não deveria ser assim definido e designado, o que de resto deixa em aberto a questão quando exatamente um ser passa à humano - inexorável e diretamente afetado pela prática e da maneira mais completa e definitiva possível, já que leva a sua morte. 

O exemplo usado pela minha amiga foi o da legalização da maconha: "eu não gosto, não acho certo, não quero então eu não fumo e não aborto, mas você deve poder fumar e abortar caso queira, goste ou ache certo". Com toda vênia, comparar a permissão do aborto com a descriminação das drogas é intelectualmente picareta. Um back não está vivo, não cresce, se desenvolve, não nasce, não é auto-consciente. Um feto ou um embrião tampouco são uma unha, um dente cariado, uma amídala, um apêndice, os quais se pode extirpar, sem o menor drama, do próprio corpo. Possuem natureza distinta, a nossa, a qual, infelizmente, ainda não foi precisamente determinada. 

O fato é que ainda não há uma definição precisa e arrisco dizer nem mesmo satisfatória de qual é, afinal de contas, a natureza precisa de um ser-humano, qual a nossa essência mais íntima, nem o momento no qual tem início nossa existência como tais, a partir do qual sua eliminação é um assassinato. É na formação do zigoto? Na fixação do embrião na parede do útero materno, quando surgem as primeiras células e sinais nervosos? Mesmo no campo estritamente científico a discussão é completamente franca.

Mas de um dado, ao menos, acho que podemos ter certeza: é antes do nascimento, quando o bebê ainda se encontra na barriga da mãe, ou não faria o menor sentido a realização de cirurgias intra-uterinas. Outra coisa também é certa: o zigoto é vida. Discute-se se é ou não vida humana, se possui ou não direitos, mas não se pode negar que seja vida, ou, afinal de contas, seria algo inanimado e, portanto, não poderia se transformar, através de múltiplas divisões celulares, em um lindo bebê.

Essa reportagem da Super faz um bom apanhado da quizumba - mas, longe de oferecer resposta, deixa (ainda) mais perguntas no ar. É de 2005, mas, de lá pra cá, não que eu tenha tido notícia pelo menos, nada mudou - e se mudou, foi a favor da interdição, não da liberação*.

Sendo assim, de cara, o argumento da liberdade individual cai, já que o livre-arbítrio da mãe de abortar pode ir contra o livre-arbítrio e direito filho de viver. E, dentre todos os direitos fundamentais do ser-humano, a vida é o mais elevado deles na hierarquia. É como diz o ditado: a minha liberdade acaba quando termina a sua. Assim, o máximo que nós temos hoje é uma probabilidade de não estarmos chancelando um ato hediondo ao legalizarmos o aborto.

Portando, ainda que no futuro os avanços no conhecimento provem, para além de qualquer dúvida razoável, que o zigoto, embrião, feto não é um ser-humano vivo - não possuindo, portanto, direito inalienável à vida e ao livre-arbítrio - e que abortar é algo tão moralmente inofensivo quanto uma depilação, a prudência manda que condenemos a prática até que a questão esteja completamente resolvida.







*recentemente descobriu-se que pacientes os quais se acreditava tinham morte cerebral, ainda possuíam um tipo de onda cerebral, até então indetectado, é uma rápida pesquisa no Google pra achar, o que mostra que nem mesmo a determinação de "morte", cujo inverso daria, portanto, a definição do começo da vida de acordo com uma das correntes científicas apresentadas na reportagem da Super Interessante, está completamente determinada pela ciência.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

O Último Pilar.

Começa a desmoronar mais um pilar - o último - de sustentação da economia brasileira: o emprego. Depois da menor criação líquida de vagas formais de trabalho, no ano passado, desde 1999 - 396.933 postos -, 2015 começou sombrio. A taxa oficial de desemprego do país, depois de atingir a mínima histórica de 4,3% em dezembro de 2014, tende a subir significativamente, tanto pelas condições presentes da economia quanto pelas expectativas e desconfiança quanto ao seu futuro.

Os últimos 8 anos têm sido péssimos para a economia brasileira, não só pela crise externa e pela desaceleração do ritmo de crescimento da China - a maior consumidora das nossas commodities - mas principalmente pelo enorme conjunto de trapalhadas na gestão econômica. É o conjunto que todo mundo já está cansado de ver: intervencionismo pesado por parte do estado, gastança - em tal proporção que em 2014, pela primeira vez, encerramos o ano com déficit primário (que não leva em consideração o pagamento dos juros da dívida) - contabilidade criativa, etc..

Ao contrário do que Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo, dois economistas queridinhos do governo, pensam, o atual estado de coisas não se deveu de uma execução errada de medidas, em si, corretas. O próprio princípio a nortear tais medidas: aquele segundo qual o Estado deve ser "a locomotiva do crescimento", guiando a iniciativa privada (essa cega!) e direcionando os "comos, quandos, ondes e porquês" da economia é que é completamente furado.

Ao tomar para si tal papel, além de não conseguir executá-lo a contento - porque simplesmente não há como! - o governo ainda aumentou de maneira exorbitante seus gastos, diminuiu as suas receitas e, consequentemente, drenou o pouco de poupança interna que o Brasil tem, retirando recursos que poderiam ser investidos produtivamente pela iniciativa privada. 

É comum vermos, ouvirmos e lermos gente falando que é preciso que o governo diminua seus gastos com o custeio da máquina e faça investimentos produtivos. Balela! Governo não faz investimentos produtivos, é só olhar para o estado das obras públicas no país inteiro e para o Petrolão para termos claro a real capacidade do Estado realizar qualquer investimento que preste. Quem produz produtivamente, se me permitem o gracejo, é a iniciativa privada.

Mas volto ao tema principal do post. Obviamente, como dois e dois são quatro, o emprego não iria passar incólume a tal conjunto monumental de estupidezes. Se a criação de vagas já foi pífia ano passado, deve ser ainda mais este ano. De fato, somente em janeiro, já foram cortadas 12 mil vagas apenas no setor automotivo. De acordo com a notícia, o indicador "emprego futuro" da FGV, está no menor patamar desde 2009 (auge da crise financeira no Brasil). Em um ano, a queda é de 24%. Isso mostra que as expectativas quanto ao futuro do mercado de trabalho estão bastante baixas. O índice reflete tanto um ritmo mais lento de contratações quanto uma menor crença, nos trabalhadores, de encontrar um emprego no futuro.

Há alguns motivos pelos quais o emprego somente recentemente começou a piorar. Em primeiro lugar, o mercado de trabalho no Brasil é bastante rígido, travado; é muito caro contratar e demitir funcionários nesse país, e quem é empresário sabe do que eu estou falando. Outro fator é que, ao demitir, perde-se o investimento em qualificação e a experiência adquirida daquele funcionário e, uma vez que a economia melhore, nada garante que aquela determinada pessoa vá voltar para a mesma firma. Ela pode ir trabalhar no concorrente, carregando consigo todo o conhecimento e, eventualmente, informações relevantes sobre a empresa anterior. 

Em terceiro lugar, mas não menos importante, todos sabemos como a perda do emprego pode desestruturar toda a vida de uma pessoa ou família e não conheço ninguém que sinta prazer em mandar alguém embora, de sorte que, na soma desses fatores, é muito provável que empresários procurem alternativas para a redução dos seus custos e suportar o baque da economia ruim antes de quererem mandar alguém embora. 

Mas não há alternativa que dure para sempre e uma hora ou outra, caso a atividade continue fraca, a redução do quadro de funcionários passa a ser a medida necessária para a sustentabilidade do negócio. Esse momento, no Brasil, acaba de chegar. E a culpa é da heterodoxia econômica do atual governo petista e dos seus queridinhos na academia.

Inflação Didática.

Muito interessante esse post no Canal do Otário, sobre a inflação acumulada no Brasil a "estreia" do plano real, em março de 1994, até os dias de hoje, mostrando que ela representa para o nosso cotidiano.

Ele compara o que era possível comprar com R$ 100,00 em março de 1994 e em janeiro de 2015. Em economês, ele compara as cestas de bens que uma mesma dotação monetária pode comprar em dois momentos distintos do tempo, mantendo fixos os bens presentes na cesta considerada.

Vale a muito a pena ler, recomendo entusiasticamente e, justamente por causa dos bens escolhidos, de consumo geral do povo brasileiro, demonstra claramente por que a inflação é péssima especialmente para os indivíduos mais pobres.

Mostra ainda porque, ainda que ao custo de juros mais altos e alguma redução da atividade econômica, o combate efetivo e incessante à inflação é tão necessário para preservar o bem-estar da população.


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Ainda Sobre O Sr. Val. Ou: Saco Sem Fundo.

Olhem que mimo que acaba de sair no blog do Felipe Patury, do site de Época! Aldemir Bendine - para este blog o sr. Val -, novo presidente da maior estatal brasileira, não é fluente em inglês. Santo Deus! 

Não há limites para a paspalhice deste governo. Petróleo e gás, área na qual o sr. Val aparentemente não tem qualquer experiência, é um negócio global. Falar inglês fluentemente deveria ser pré-requisito para ser faxineiro da empresa, quanto mais seu presidente! Como ele irá exercer eficientemente suas funções, negociar temas cruciais para os negócios da empresa, que repito, são globais, se nem inglês a criatura fala direito?

Seria cômico, não fosse trágico e se não subtraísse bilhões de reais de patrimônio de todos os brasileiros.

O saco de batatadas do governo petista é, ao que tudo indica, sem fundo.

Dança Das Cadeiras. Ou: Mais Do Mesmo.

A Petrobras confirmou, hoje à tarde, Aldemir Bendine como seu novo presidente. O nome foi apontado pela presidente Dilma Rousseff. Oriundo do Banco do Brasil – onde também exercia a presidência da instituição –, Bendine é figura pública completamente inexpressiva e, só não completamente desconhecida do grande público, pois seu maior mérito à frente do BB foi ser suspeito de ter interferido na concessão de um empréstimo milionário em condições pra lá de camaradas à sua amiga socialite Val(direne) Marchiori. Empréstimo que agora é alvo de investigação por parte do Ministério Público. 

Obviamente, a decisão de Dilma Rousseff é completamente desastrosa para a empresa. Só para recapitular: a Petrobrás, maior empresa pública brasileira, enfrenta uma crise de proporções homéricas (leia-se perda de bilhões de reais entre roubos e prejuízos) que sangram o caixa, a confiança dos investidores e os ativos da empresa e, fosse ela uma empresa privada, já a teriam levado a beijar a lona  por muito menos sua “prima” OGX foi a nocaute.

Seria de se esperar, portanto, para o comando da estatal, um nome que exalasse força, autoridade e competência, de tal modo a sinalizar a vinda de novos tempos, de gestão mais profissional e técnica na empresa e recuperar ao menos uma parcela da confiança dos investidores.

Aldemir Bendine não transmite nada disso, pelo contrário. De acordo com Álvaro Bandeira, em declarações à Reuters, em matéria publicada pelo UOL: "'o Bendine é uma pessoa muito identificada com a primeira gestão do governo Dilma. O BB foi absolutamente comandado pelo governo na primeira gestão, e a Petrobras precisaria de alguém mais independente, que peitasse o governo em determinadas situações e não fizesse loteamento de cargos'". Resumindo: o executivo é encarado como um pau mandado do governo.


Logo após sua nomeação e confirmação no cargo, os papeis da empresa – que haviam disparado e depois se estabilizado com o anúncio e confirmação da renúncia de Graça Foster – começaram a derreter novamente. Só hoje, suas ações fecharam com um tombo de mais de 6%. Mas é como diz o ditado: “nada está tão ruim que não possa piorar”. E, com essa decisão, vai piorar. Coitada da Petrobras, deixada à mercê de um bando de incompetentes e larápios!




ps. Suspeito que a "presidenta" tenha conseguido a proeza de errar duplamente, com Bendine. Seu nome certamente não agrada a direita e creio que também não deverá agradar a esquerda.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Chumbo Grosso.

A semana começou interessante. Além da já anunciada enxurrada de euros que o Banco Central Europeu irá colocar nos mercados, no fim da última semana - a bagatela de  1,1 trilhão, ao ritmo de € 60 bilhões por mês -, tivemos a confirmação da vitória do partido de extrema-esquerda Syriza, comandado por Alexis Tsipras, nas eleições gregas e, agorinha, eis que sai a informação de que a agência de rating Standard & Poor's rebaixou a nota da Rússia para abaixo do grau de investimento (o tal grau significa que a probabilidade de o país dar calote na sua dívida pública é baixa).

Mas, afinal de contas, o que tudo isso significa para o Brasil? Basicamente, que vem (mais) chumbo grosso pela frente. 

O "tsunami monetário", agora em versão euro, irá pressionar para baixo o valor da moeda frente às demais. Em que medida, exatamente, isso irá se refletir no seu valor frente ao real ainda é incerto, mas já se pode esperar que ficará mais barato importar da Europa, o que tem efeitos ambíguos sobre a economia. 

Se, por um lado, o barateamento dos importados europeus dá uma ajudinha ao Banco Central no combate à inflação, o que é bom, por outro também é verdade importados mais baratos significam que os brasileiros irão deixar de consumir bens nacionais em prol de produtos vindos de fora, além do que o euro (possivelmente) mais fraco tira competitividade dos nossos exportadores em relação aos seus concorrentes do velho continente. Esses dois últimos impactos, combinados, dão mais uma paulada na nossa já combalida economia. E isso pra ficarmos em apenas três efeitos mais simples e diretos, porque existem outros mais sutis, que dependem de qual efeito a medida terá sobre a própria Europa.

Qual desses impactos acabará por determinar o efeito final da baciada de euros sobre a economia brasileira depende dos pesos relativos de cada um deles, mas, particularmente, eu sou mais pessimista. Acredito que o efeito líquido final será prejudicial para o Brasil, justamente por, e agravado pelas, nossas próprias condições econômicas internas (ou, dizendo de outro modo, se a casa estivesse em ordem o efeito geral poderia ser positivo), além do poder bastante limitado do Euro no "controle" da inflação (o dólar possui efeito muito maior)

Em segundo lugar, temos a eleição da extrema-esquerda na Grécia, que pode ser um presente de grego para o Brasil (santa criatividade!). Mas "por qual motivo, razão ou circunstância", você pode estar se perguntando? 

A vitória do Syriza, que prega, entre outras coisas, o calote da dívida grega e o aumento dos gastos públicos lança, de cara, incertezas sobre a Europa, o que nunca é bom para ninguém, e pode se provar um verdadeiro barril de pólvora para o continente (e o resto do mundo). 

Ainda que não aconteça nada de mais - e a maior chance é de que, sim, aconteça muita coisa - a simples eleição do partido gera insegurança e desconfiança, que pode se generalizar e diminuir a boa vontade dos investidores com outros países dados a estripulias em suas economias, caso - adivinhem só? Eu tenho certeza de que vocês já adivinharam - do nosso querido Brasil! Evidentemente, esse é apenas um dos canais pelos quais a eleição grega pode afetar o Brasil, mas um dos mais importantes. 

Outro canal importantíssimo, na realidade o mais importante, pelo qual o Brasil pode ser (e será) afetado é caso o barril grego realmente exploda violentamente e cause uma reação em cadeia, explodindo outros possíveis barris, recolocando a Europa e o resto do mundo novamente em uma crise econômica de proporções gigantescas - é justamente o medo desse efeito que causa o primeiro que, no entanto, se materializa no presente - e provavelmente irá impactar negativamente o Brasil - ainda que o barril nunca exploda.

Por fim (por enquanto), temos o rebaixamento da nota de crédito russa. Seus efeitos diretos são muito similares que os da eleição na Grécia, ancorados em expectativas. De maneira bastante didática, a perda do grau de investimento por parte da Rússia leva os investidores a desconfiarem de outras economias emergentes, especialmente se tais países tem histórico e fama de serem irresponsáveis na sua gestão macroeconômica, caso do nosso país - tanto é que o Brasil é o próximo na linha de tiro das empresas de rating.

Novamente, tal desconfiança leva, e por favor me desculpem a tautologia, à menor confiança no Brasil, o que tende a diminuir (podendo tal queda chegar a ser bastante expressiva) os investimentos no país, tanto de investidores internos quanto, principalmente, os externos, os quais nos são tão necessários. 

O "tende a" no parágrafo anterior é devido justamente porque as ações que o governo brasileiro decidir e efetivamente tomar daqui para frente na gestão da economia poderão potencializar ou minorar o efeito dessa desconfiança - venha ela derivada de qual fonte externa vier - ao mostrar se, considerando-se isoladamente a nossa economia e suas condições internas, o Brasil é um país seguro, confiável, com oportunidades de investimento lucrativo ou não. Se faz por merecer confiança, ou, ao contrário, (ainda mais) desconfiança.

Apesar da recente mudança de postura nesse (re)começo de governo, com a tomada de necessárias medidas de austeridade, estou ainda bastante cético no real compromisso da Dilma 2.0 com a racionalidade econômica. Acredito que, tão logo a maré melhore um pouco, a responsabilidade com a economia será jogada na lata do lixo e a farra voltará com gosto a ditar os rumos do país.


A ver.












sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A Mão É Chumbo Que Esmaga Mas Não Se Vê.

Saíram os dados consolidados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados pelo Ministério do Trabalho, sobre o mercado de trabalho brasileiro no ano de 2014. No total do ano passado o país criou 396.993 postos de trabalho formais (com carteira assinada). É o pior resultado desde o ano de 2002 e muito abaixo da meta estabelecida pelo governo, que era de 1.000.000 de vagas criadas.

O que isso, mais uma vez, evidencia? A falência de um modelo de política econômica baseada na mão pesada do Estado, com intervenções e microgerenciamento dos mercados, protecionismo, gastos públicos elevados, irresponsabilidade fiscal e contabilidade criativa, campeões nacionais (leia-se empresários amigos do governante), política monetária irresponsável, enfim, o tal Estado indutor do desenvolvimento que o Delfim Netto e o Luiz Gonzaga Belluzzo (aquele que estragou o Palmeiras e agora ajudou a estragar o Brasil) tanto adoram.

Agora cotejem essa informação com dois dos meus anteriores: este e este. Há menos emprego sendo criado no mercado, a inflação está bastante alta, puxada principalmente pelos alimentos (e não é a primeira vez que isso acontece, lembram-se da explosão no preço do tomate?) e vem aumentos de impostos por aí (isso sem falar nos assombrosos escândalos de corrupção). Tudo isso traça um cenário, presente e futuro, bastante sombrio para o Brasil, com especial gravidade para as pessoas mais pobres - ao contrário do frequente discurso da esquerda, eu sou de direita, liberal, e me importo muito com essa gente.

Não é de se espantar que o crescimento do PIB tenha sido tão pífio ano passado e que há quem (eu quase estou entre eles) estime para este ano até mesmo uma recessão. 

A arrogância de quem achou que podia controlar a economia não foi perdoada. Adam Smith foi subestimado por esse governo e sua mão invisível foi implacável.


Cancela O Churrasco!

Acabou de sair do forno o IPCA-15¹ - considerado uma prévia do índice oficial de inflação, o IPCA -, divulgado pelo IBGE. 

Adivinhem só? A inflação subiu de novo, acelerando de 0,79% em dezembro de 2014 para 0,89% em janeiro deste ano. Compondo o índice acumulado nos últimos 12 meses (encerrados em janeiro de 2015) a alta nos preços da economia brasileira é de 6,69%, muito acima da meta de inflação do país. 

Lembremos, meus caros, a meta oficial é 4,50% ao ano e não 6,50%! Esses dois pontos percentuais para mais ou para menos são uma banda de tolerância para a meta, de modo a comportar choques bruscos e inesperadas na economia. São um limite de descumprimento aceitável da meta que, repito, é 4,50%. Esse é o valor que chamam na imprensa de "centro da meta". Centro da meta uma ova! 4,50% é a própria meta. 6,50% é só o limite máximo da cagada tolerável, com o perdão da palavra, criado de modo a permitir que o país suporte pancadas sem maiores consequências adversas e não para acomodar a completa incompetência e subserviência dos responsáveis por zelar pelo valor do Real.

Mas volto ao eixo (e explico o título). Dentre todos os bens de consumo que compõem a cesta cujo valor é pesquisado pelo IBGE, qual grupo deles teve o aumento mais importante para a alta geral do índice? Alimentação e bebidas e, dentro dele, a carne!, com aumento de 1,45% no período. Outros alimentos que tiveram aumento significativo de preços foram a batata-inglesa (32,86%) e o feijão carioca (24,25%).

Por que isso me irrita profundamente? Justamente porque o que mais está aumentando de preço é a comida. No Brasil, com população ainda majoritariamente pobre ou pouco melhor que isso, o aumento (constante) nos preços dos alimentos é moralmente criminoso, doloso, pois significa que as pessoas terão mais dificuldade de colocar comida no prato, com consequências adversas sobre todos os aspectos da sua vida.

Ao contrário da campanha eleitoral de Dilma, a sumida, não é a independência do Banco Central que faz sumir comida da mesa, é a inflação, que seu governo deixou comer solta por 4 anos. Tivéssemos um BC formal e verdadeiramente independente, aquele pudim do Alexandre Tombini jamais teria presidido o banco (pudim porque não tem consistência nenhuma, é um pau mandado, nada a ver com o tamanho da sua pança).

E não vamos nos esquecer de que tudo isso aconteceu no governo daquela que, juntamente com seu grupo político, sempre posaram de os únicos defensores dos pobres e miseráveis no Brasil. Mentira! Agora é aguentar o tranco e torcer para que as medidas econômicas amargas que estão sendo colocadas em prática sirvam, ao menos, pra colocar a casa minimamente em ordem. E claro, cancelar o churrasco, porque tá muito caro!








¹ Suponha que atualmente estamos no mês de setembro. A diferença entre o IPCA-15 pro IPCA é o período de coleta dos dados. Enquanto no IPCA o período iria, no nosso exemplo, do dia 01 ao dia 30 de setembro, no IPCA-15 o período seria do dia 15 de agosto ao dia 15 de setembro. Quem quiser saber mais é só entrar em www.ibge.gov.br, na sessão "indicadores", e acessar o IPCA - INPC e o IPCA-15 para verificar as metodologias. ;) 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Diferenças De Postura. Ou: Confiança.

Saiu na Veja.com: "A investidores, Levy diz que Brasil vai ter crescimento próximo de zero em 2015". Reparem na diferença brutal de postura em relação ao seu antecessor na pasta, Guido Mantega (o equivocado). Todo início de ano era a mesma ladainha. Enquanto o mercado estimava um PIBinho pro ano, o ministro sempre vinha com a mesma estimativa furada: "crescimento da ordem de 4,5% 4,0% esse ano". Obviamente, ao final de cada ano, o mercado estava certo e o ministro, errado.

Só nessa reunião com investidores, o novo ministro demonstra que é muito mais sério que o anterior. Não veio de conversa mole, na qual ninguém acredita, e que só dilapida a credibilidade do país. Foi realista, não maquiou a situação do país e, se não deu boas notícias pra ninguém, ao menos mostra que, ao menos por enquanto, pode-se confiar nele.

Joaquim Levy e Seu Saco de Maldades Que Vêm Para O Bem.

Já tá todo mundo sabendo: abriram o saco de maldades: vem aumento (forte) de impostos por aí - conta de luz, gasolina, importações, IPI, transações financeiras (IOF), imposto de renda (vai aumentar a defasagem da tabela) e por aí vai. A nossa vida vai ficar (consideravelmente) mais cara. É a fatura dos 8 anos (o segundo mandato de Lula, em menor grau, e o primeiro mandato de Dilma, com gosto!) de farra na economia chegando. Acharam que dinheiro nasce em árvore, que um país se desenvolve por meio do pensamento positivo, da "querência", sem trabalho duro. Ledo engano!

Mas, como diz o ditado, há males que vêm para bem. "Ah, Bruno, quer dizer que você gosta de impostos altos, é?". Não, não gosto nem um pouco. Por mim eles seriam bem baixinhos, baixinhos, e assim pra todo mundo, não só pra alguns "benzidos", que ganham exonerações. Acontece que eu não gosto nem um pouquinho também de um país quebrado. E é exatamente isso que iria acontecer com o Brasil caso o rombo fiscal (e o resto da bagunça) se mantivesse: quebrar, ir à bancarrota, falir! Deu pra entender?

A partir do segundo governo Lula, sob os auspícios do então (e até outro dia) ministro da fazenda Guido Mantega (a piada), o governo começa a fazer o que realmente gosta: se esbaldar com o dinheiro do contribuinte. 

Se então havia uma forte crise mundial e se há, sim, boas justificativas teóricas para que o governo tenha uma posição fiscal expansionista em épocas de crise, atuando como uma espécie de salva-vidas, também é verdade que essas mesmas justificativas prescrevem que, tão logo a situação normalize e a economia se recupere, o governo deve voltar ao caminho da austeridade e da responsabilidade fiscais. 

Só que, como não poderia deixar de ser, a segunda parte o pessoal convenientemente sempre "esquece" e nunca bota em prática, preferindo seguir se apoiando na muleta do Estado "Delfimniano" - Estado indutor do desenvolvimento¹, quando, no mais das vezes, a única coisa que o Estado realmente induz são crises econômicas) - e continuar a gastar os tubos. O que pode e principalmente o que não pode.

Essa situação se agrava consideravelmente no governo Dilma I, sob o comando da presidenta e o apoio incondicional de Guido Mantega (o paspalho), com mais aumentos nos gastos públicos, contabilidade criativa (leia-se falsa), fechamento da economia aos mercados globais (como esquecer o aumento de 30 pontos percentuais (!) no IPI para carros importados?) intervenções estapafúrdias na economia - como na renovação dos contratos das geradoras de energia, a canetada que diminuiu a conta de luz na marra e os inúmeros pacotes de estímulo econômicos editados, cada um mais fadado ao fracasso que o anterior, bolsa empresário, alta da inflação, o comportamento bovino do Banco Central de Alexandre Tombini, recusando-se a combatê-la como se deve, o represamento de diversos preços, intervenções no câmbio, etc..

Tudo isso, somado, levou o Brasil ao presente estado de calamidade: confiança e o investimento dos empresários em baixa, as contas públicas em petição de miséria, crise energética, inflação alta e resistente, crescimento econômico pífio (quando existente). 

Se fatores externos, como as consequências da crise internacional e a desaceleração da economia chinesa influenciam na má performance do nosso país, a esmagadora maioria da culpa é sim da d. Dilma - basta comparar a nossa situação com a dos nossos parceiros emergentes. Agora, sem ter mais pra onde correr, sob pena de quebrar o país, eis que a presidente se vê obrigada a recrutar uma equipe econômica ortodoxa pra tentar arrumar a bagunça tão defendida por economistas como Delfim Netto (ele de novo!) e Antônio Carlos Beluzzo.

A receita para fazer as coisas entrarem nos eixos não é nem misteriosa e nem muito complexa. Ela pode ser resumida em responsabilidade fiscal, combate à inflação, transparência, isonomia e liberdade. Mas o que tem de simples tem também de difícil, pois conta com uma adversária poderosíssima: a própria Dilma. Se ela nomeou uma equipe ortodoxa para o comando da economia, foi porque precisava, não por convicção. Ela simplesmente não acredita nas medidas que estão sendo postas em prática. Ela acredita é nas medidas do seu primeiro mandato!

Evidentemente, no que compete ao rombo nas contas públicas, a maneira ideal de realizar o ajuste fiscal seria através de um forte programa de austeridade, com cortes bastante expressivos nas despesas do governo. Só que, quais as chances de isso realmente ocorrer no Brasil, ainda mais com o PT, um partido centralizador e crente no poder do Estado na economia,? Zero! Repito: zero! Qual a única outra alternativa, então, para botar as contas em ordem (ainda que temporária)? Sim: meter ainda mais a mão no bolso do cidadão.

Deixo agora explícita a minha posição: por mais que eu deteste o aumento nos impostos, a continuação do (crescente) déficit público teria consequências sobre as nossas vidas ainda mais perversas! Caso o país falisse, o que, na minha opinião era uma possibilidade cada vez mais real, os efeitos sobre o crescimento do PIB, o desemprego, a inflação, a renda das pessoas e o investimento seriam muito piores do que os efeitos deletérios que o aumento nos nossos impostos terá sobre essas mesmas variáveis.

Se o remédio dos impostos tem um gosto bastante amargo, ao menos ele "cura" o cura, permitindo que ele volte à sua vida normal. Por outro lado, a alternativa, o não tratamento da doença, não teria qualquer efeito positivo e certamente levaria, mais dia menos dia, o paciente a óbito.

Agora, só nos resta torcer pelo sucesso dos médicos, que o tratamento seja eficaz e que a medicação não encontre muita resistência no próprio sistema imunológico do paciente, para que, no futuro, ao invés do remédio amargo, nós possamos voltar a comer churrasco e a tomar sorvete (que seja rápido, porque tá um calor danado!).

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O Casamento Dilma e Joanelson Barbosy. Ou: O Que Vem Por Aí na Economia.

Eu realmente não tomo jeito, e escrevo no blog muito menos do que gostaria ou deveria. Mas vamos lá, dar mais alguns pitacos.

Dessa vez, o post será sobre economia mesmo (tava na hora, né!). 

Enfim. Dilma II, contrariando tudo o que Dilma I prometera na campanha, nomeou uma equipe econômica de corte ortodoxo (o principal nome é Joaquim Levy), um verdadeiro estelionato eleitoral. Mas, se isso é péssimo do ponto de vista dos valores democráticos e da confiança do povo nos seus representantes eleitos, do ponto de vista puramente econômico a decisão foi correta. Caso realmente cumprisse suas promessas de campanha, aí que a situação seria realmente ruim (para a economia).

Quer dizer que agora o Brasil vai voltar aos trilhos e retomar o crescimento? Mais ou menos. Eu, particularmente, duvido um bocado.

Primeiro porque uma andorinha só não faz verão, pra ficar no clichê. Se a equipe econômica de Dilma é decente, o mesmo não se pode dizer sobre o resto do seu gigantesco ministério, que, além de pouco capaz, não tem perfil austero (leia-se poupador do dinheiro do contribuinte). Outro fator é o próprio tamanho do ministério, com 39 pastas! Em terceiro lugar, dada tal diferença de perfis, é evidente que brigas internas irão ocorrer, com Levy e Barbosa* (Nelson Barbosa, ministro do planejamento) de um lado, tentando segurar o cheque, e o resto da turma do outro, querendo cada um mil folhas assinadas e em branco. Meu pitaco é que os gastões levam a parada.

Em quarto lugar, está o como o ajuste fiscal irá ser realizado, com uma pequena parcela de contenção efetiva de gastos e em sua maior parte com aumento de impostos, tarifas, contribuições sobre os já atolados contribuintes. Se o aumento na carga contribuirá para diminuir o rombo fiscal e aumentar a confiança do setor privado, também é verdade que irá cortar a renda do cidadão (que já não é lá aquelas coisas!), diminuindo seu consumo e afugentar investimentos, tanto de brasileiros quanto internacionais, prejudicando a atividade econômica. A depender da sua magnitude, tal efeito desacelerador sobre a economia pode diminuir a vontade da presidente de persistir no ajuste fiscal.

Por último, mas, na minha opinião o fator mais importante, temos justamente Dilma Rousseff. As pessoas tendem a agir com mais ímpeto em prol daquilo em que acreditam, e Dilma Rousseff definitivamente não acredita em na necessidade de um governo fiscalmente responsável, austero. Se ela hoje desposa "Joanelson Barbosy", sua cabecinha só pensa em e seu coraçãozinho bate mais forte é por Guido Mantega, mesmo. Por mais que ele fosse o fantoche da presidente, era um fantoche apaixonado, que seguia gostosamente "o que a mestra mandava". Tanto Dilma quanto Guido pensam igual a respeito da economia e do papel do Estado nela. Ou seja: se ela nomeou uma equipe mais ortodoxa para o segundo mandato, foi por "precisão" e não por "gostosura". O que quer dizer que, na primeira oportunidade concreta, vai dar um pé na bunda do Joanelson e voltar com gosto à gastança desenfreada.

Minha especulação agora é o grau de autonomia que a dupla Joaquim Nelson terá e quanto tempo ela dura no cargo. Infelizmente, acho que não muito para ambas as questões.


* Não inclui o Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, na turma "fiscalista" porque esse é mole igual pudim (nada a ver com o tamanho e a firmeza da sua barriga). Não tem autonomia nenhuma, não tem vontade nenhuma, balança pra onde for mandado.