domingo, 8 de fevereiro de 2015

O Último Pilar.

Começa a desmoronar mais um pilar - o último - de sustentação da economia brasileira: o emprego. Depois da menor criação líquida de vagas formais de trabalho, no ano passado, desde 1999 - 396.933 postos -, 2015 começou sombrio. A taxa oficial de desemprego do país, depois de atingir a mínima histórica de 4,3% em dezembro de 2014, tende a subir significativamente, tanto pelas condições presentes da economia quanto pelas expectativas e desconfiança quanto ao seu futuro.

Os últimos 8 anos têm sido péssimos para a economia brasileira, não só pela crise externa e pela desaceleração do ritmo de crescimento da China - a maior consumidora das nossas commodities - mas principalmente pelo enorme conjunto de trapalhadas na gestão econômica. É o conjunto que todo mundo já está cansado de ver: intervencionismo pesado por parte do estado, gastança - em tal proporção que em 2014, pela primeira vez, encerramos o ano com déficit primário (que não leva em consideração o pagamento dos juros da dívida) - contabilidade criativa, etc..

Ao contrário do que Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo, dois economistas queridinhos do governo, pensam, o atual estado de coisas não se deveu de uma execução errada de medidas, em si, corretas. O próprio princípio a nortear tais medidas: aquele segundo qual o Estado deve ser "a locomotiva do crescimento", guiando a iniciativa privada (essa cega!) e direcionando os "comos, quandos, ondes e porquês" da economia é que é completamente furado.

Ao tomar para si tal papel, além de não conseguir executá-lo a contento - porque simplesmente não há como! - o governo ainda aumentou de maneira exorbitante seus gastos, diminuiu as suas receitas e, consequentemente, drenou o pouco de poupança interna que o Brasil tem, retirando recursos que poderiam ser investidos produtivamente pela iniciativa privada. 

É comum vermos, ouvirmos e lermos gente falando que é preciso que o governo diminua seus gastos com o custeio da máquina e faça investimentos produtivos. Balela! Governo não faz investimentos produtivos, é só olhar para o estado das obras públicas no país inteiro e para o Petrolão para termos claro a real capacidade do Estado realizar qualquer investimento que preste. Quem produz produtivamente, se me permitem o gracejo, é a iniciativa privada.

Mas volto ao tema principal do post. Obviamente, como dois e dois são quatro, o emprego não iria passar incólume a tal conjunto monumental de estupidezes. Se a criação de vagas já foi pífia ano passado, deve ser ainda mais este ano. De fato, somente em janeiro, já foram cortadas 12 mil vagas apenas no setor automotivo. De acordo com a notícia, o indicador "emprego futuro" da FGV, está no menor patamar desde 2009 (auge da crise financeira no Brasil). Em um ano, a queda é de 24%. Isso mostra que as expectativas quanto ao futuro do mercado de trabalho estão bastante baixas. O índice reflete tanto um ritmo mais lento de contratações quanto uma menor crença, nos trabalhadores, de encontrar um emprego no futuro.

Há alguns motivos pelos quais o emprego somente recentemente começou a piorar. Em primeiro lugar, o mercado de trabalho no Brasil é bastante rígido, travado; é muito caro contratar e demitir funcionários nesse país, e quem é empresário sabe do que eu estou falando. Outro fator é que, ao demitir, perde-se o investimento em qualificação e a experiência adquirida daquele funcionário e, uma vez que a economia melhore, nada garante que aquela determinada pessoa vá voltar para a mesma firma. Ela pode ir trabalhar no concorrente, carregando consigo todo o conhecimento e, eventualmente, informações relevantes sobre a empresa anterior. 

Em terceiro lugar, mas não menos importante, todos sabemos como a perda do emprego pode desestruturar toda a vida de uma pessoa ou família e não conheço ninguém que sinta prazer em mandar alguém embora, de sorte que, na soma desses fatores, é muito provável que empresários procurem alternativas para a redução dos seus custos e suportar o baque da economia ruim antes de quererem mandar alguém embora. 

Mas não há alternativa que dure para sempre e uma hora ou outra, caso a atividade continue fraca, a redução do quadro de funcionários passa a ser a medida necessária para a sustentabilidade do negócio. Esse momento, no Brasil, acaba de chegar. E a culpa é da heterodoxia econômica do atual governo petista e dos seus queridinhos na academia.

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