domingo, 13 de julho de 2014

Um pouquinho sobre a indústria

Faço um apanhado, comentando algumas notícias com dados que saíram sobre o desempenho da indústria brasileira.

A primeira diz que, em maio, a produção industrial no país caiu em 7 das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE e 0,6% no agregado do país, apesar de a outra metade das regiões terem tido desempenho positivo. A segunda informa que, também em maio, o emprego no setor industrial caiu 0,7% em relação a abril de 2014 e 2,6% na comparação com maio de 2013. A terceira notícia dá conta de que o índice que mede a confiança dos empresários do setor industrial caiu em 3,9% junho de 2014 sobre o final de maio e que o Nível de Utilização da Capacidade Instalada também recuou, 0,8%, em relação a maio.

Pois bem! O que isso tudo quer dizer, afinal? De maneira simples, quer dizer que o Brasil está parando. Se a gente fosse um carro, já está andando devagarinho, devagarinho e ainda pisando mais fundo no freio. Não obstante, a inflação continua alta, ou seja, o motor do carro está fundindo - e não precisamos do IPCA pra ver isso. Todos nós podemos sentir o aumento dos preços "na pele" a cada ida ao supermercado. 

Quem já foi vai entender. O Brasil está descendo a serra de Ubatuba. A gente desce com o carro engrenado, pisando no freio, devagar quase parando e o motor do carro quase derretendo. Se pra descer a serra isso é normal devido ao esforço do carro, na economia, porém, é uma anomalia sem tamanho! Pra isso acontecer, quem decide a política econômica do país, o governo, tem de fazer um esforço danado pra fazer a coisa errada! 


Apesar dos enormes incentivos e benesses governamentais, ou justamente por causa deles, as industriais estão produzindo menos e, o que é tão grave quanto, o otimismo dos empresários está caindo, o que quer dizer que eles não têm perspectivas de que as coisas venham a melhorar num prazo razoável e temem que elas podem até mesmo piorar, o que pode levá-los a cortar ainda mais a produção atual e com certeza fará com que eles não invistam para aumentar a sua produção lá na frente, por acharem que não conseguirão vender seus produtos no futuro. Aí então entramos em uma ciranda do infortúnio e as três notícias se conectam.


Funciona mais ou menos assim:


Situação atual ruim + falta de confiança no futuro => queda na produção (notícia 1) => menos demanda por trabalhadores nas fábricas => queda no emprego (notícia 2) => queda na renda das pessoas afetadas e da economia como um todo => menos demanda pelos bens que as indústrias produzem => queda nas vendas => situação atual ruim + falta de confiança no futuro (notícia 3).


Daí vem o governo e, "jenialmente", pensa: "O que é que eu posso fazer, no que se refere a ajudar o setor industrial? Já sei, vou dar subsídios e aumentar os meus gastos, daí eu alivio a barra das empresas e também aumento a demanda por bens industriais, o que aumenta as vendas e o faturamento do setor, ou seja, a situação atual fica supimpa! e a confiança também volta. Daí fica tudo bem, eu saio linda e superior no selfie e ainda mando beijinho no ombro pros pessimistas!"


SQN! Esse esqueminha miojo (resolve os problemas da economia em 3 minutos) não funciona, e o governo, ao intervir na economia, ao invés de melhorar só faz a situação atual ficar pior ainda e o otimismo dos empresários com o futuro diminuir mais um pouco, realimentando a ciranda viciosa! Por que não funciona? Fica pra outro artigo.


No entanto, tem uma coisa muito mais simples que miojo, porém infinitamente mais difícil, de o governo fazer, que na realidade é a única coisa que realmente funciona (de maneira sustentada): sair da frente! Deixar de intervir. Privatizar a economia, ou seja, deixá-la aos cuidados dos indivíduos!


Pra resumir em duas palavrinhas mágicas: laissez faire.

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