O Seed foi montado com investimento inicial "de R$ 9,5 milhões, para montagem da sua estrutura física e financiamento de duas turmas de startups e, até hoje, apoiou 73 projetos de 12 países que, juntos, faturaram R$ 23 milhões, geraram 145 empregos e captaram R$ 10 milhões em investimento privado". Ou seja, o programa era claramente viável economicamente e isso com apenas 2 anos de existência! Além disso, por conta de sua estrutura, o programa já havia sido elogiado internacionalmente: tudo o que era necessário para participar do programa, fazendo coro ao lema do Cinema Novo, era, literalmente, uma boa ideia na cabeça e disposição para trabalhar.
Mas como o Brasil é realmente um país extraordinário, sui-generis, o que fez a nova administração, petista, do estado? Fechou o programa, exonerando os coordenadores do projeto e deixando ao léu as startups. E fez isso de supetão, sem avisar ninguém, com a desculpa mais esfarrapada possível.
Em entrevista ao Link, do Estadão, tentando justificar a medida, tudo o que o secretário de Altamir Rôso, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede), conseguiu for dar ainda mais desculpas esfarrapadas. Repetiu a ladainha de que o programa está apenas em reavaliação e que não há qualquer chance de ser definitivamente suspenso (isso porque, logo quando surgiram os primeiros boatos de que o programa poderia ser fechado, o governo mineiro havia informado que "o Seed não corria qualquer risco de ser suspenso ou interrompido") e ainda demonstrou possuir uma mentalidade mercantilista (leiam a entrevista). Lamentável.
Ora secretário, ainda que o programa precisasse realmente ser reavaliado, discussão na qual nem entro, essa é realmente a maneira certa de fazer as coisas?! Suspendendo completamente as atividades de um programa que vinha, sim, dando certo, gerando receitas, empregando gente e ajudando a construir uma cultura empreendedora no Brasil e deixando desamparados os jovens empresários participantes?! É assim que se faz uma reavaliação, desmontando toda a equipe encarregada de tocar o projeto até então?! Faça-me o favor!!!
Sou liberal, logo, no meu mundo ideal, iniciativas como o Seed ficariam a cargo da iniciativa privada (até mesmo para diminuir a probabilidade de absurdos como o que está ora em curso), mas obviamente não me oponho quando um governo toma tal iniciativa. É o famoso "ensinar a pescar".
No mais, o desastre só aumenta quando levamos em conta que o Brasil é um país, sim, atrasado tecnologicamente e que inova muito pouco. É torcer para que a pressão dos empreendedores surta efeito e o governo recue da "reavaliação".