quarta-feira, 1 de abril de 2015

Importante Retrocesso No Empreendedorismo Brasileiro.

Olhem só que belezura! O governo de Minas Gerais, meu amado estado, possuía desde 2013 um programa de fomento ao empreendedorismo chamado Seed (Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development), cujo objetivo, que no meu entendimento estava, sim, sendo cumprido, era fomentar o empreendedorismo através de apoio tanto monetário quanto capital físico e humano às startups selecionadas. Detalhe, o programa não era limitado ao estado e nem mesmo ao Brasil, já que na incubadora mineira havia projetos de empreendedores vindos de outros países.

O Seed foi montado com investimento inicial "de R$ 9,5 milhões, para montagem da sua estrutura física e financiamento de duas turmas de startups e, até hoje, apoiou 73 projetos de 12 países que, juntos, faturaram R$ 23 milhões, geraram 145 empregos e captaram R$ 10 milhões em investimento privado". Ou seja, o programa era claramente viável economicamente e isso com apenas 2 anos de existência! Além disso, por conta de sua estrutura, o programa já havia sido elogiado internacionalmente: tudo o que era necessário para participar do programa, fazendo coro ao lema do Cinema Novo, era, literalmente, uma boa ideia na cabeça e disposição para trabalhar.

Mas como o Brasil é realmente um país extraordinário, sui-generis, o que fez a nova administração, petista, do estado? Fechou o programa, exonerando os coordenadores do projeto e deixando ao léu as startups. E fez isso de supetão, sem avisar ninguém, com a desculpa mais esfarrapada possível. 

Em entrevista ao Link, do Estadão, tentando justificar a medida, tudo o que o secretário de Altamir Rôso, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede), conseguiu for dar ainda mais desculpas esfarrapadas. Repetiu a ladainha de que o programa está apenas em reavaliação e que não há qualquer chance de ser definitivamente suspenso (isso porque, logo quando surgiram os primeiros boatos de que o programa poderia ser fechado, o governo mineiro havia informado que "o Seed não corria qualquer risco de ser suspenso ou interrompido") e ainda demonstrou possuir uma mentalidade mercantilista (leiam a entrevista). Lamentável.

Ora secretário, ainda que o programa precisasse realmente ser reavaliado, discussão na qual nem entro, essa é realmente a maneira certa de fazer as coisas?! Suspendendo completamente as atividades de um programa que vinha, sim, dando certo, gerando receitas, empregando gente e ajudando a construir uma cultura empreendedora no Brasil e deixando desamparados os jovens empresários participantes?! É assim que se faz uma reavaliação, desmontando toda a equipe encarregada de tocar o projeto até então?! Faça-me o favor!!!

Sou liberal, logo, no meu mundo ideal, iniciativas como o Seed ficariam a cargo da iniciativa privada (até mesmo para diminuir a probabilidade de absurdos como o que está ora em curso), mas obviamente não me oponho quando um governo toma tal iniciativa. É o famoso "ensinar a pescar".

No mais, o desastre só aumenta quando levamos em conta que o Brasil é um país, sim, atrasado tecnologicamente e que inova muito pouco. É torcer para que a pressão dos empreendedores surta efeito e o governo recue da "reavaliação".