domingo, 3 de maio de 2015

Fabio Porchat, A Ancine, Cotas No Cinema, O Mercado E A Liberdade.

Vamos então dar pitacos novamente em uma das minhas maiores paixões: cinema! :)

Pois é, fiquei sabendo que a dupla Fabio Porchat-Ian SBF tá com um novo longa na praça. Não conferi a película ainda, mas li a crítica no Omelete (bastante elogiosa por sinal) e sim, estou bastante a fim de ver o filme. 

Dito isso, vamos ao que me incomoda. Fábio Porchat, protagonista do filme, postou em seu Facebook esta foto com o seguinte
comentário: "Agradecer ao Sr. Araújo do Multiplex do Bauru Shopping por estar ajudando tanto o cinema nacional.#TaFodaCompetir". 

Qual é o problema nisso tudo? O problema de que o cinema é de propriedade do Sr. Araújo e, assim sendo, ele tem, ou deveria ter, o direito de passar nas suas salas o filme que ele bem entender, tantas vezes quantas ele quiser!  Seu único compromisso é servir da melhor maneira possível os seus clientes. Evidentemente, às pessoas, cabe o direito de julgar se estão efetivamente sendo bem servidas e decidir se querem frequentar o cinema do Seu Araújo ou não.

A hashtag "TaFodaCompetir" dá a entender que há uma "competição desleal" no mercado, o que é simplesmente falso. Ao senhor Araújo, enquanto empresário, cabe explorar da maneira mais eficiente que puder a demanda existente por filmes (algo que é dado) de modo a maximizar seu lucro, algo totalmente legítimo e, sim, nesse caso, em si mesmo, moralmente correto (uma obviedade infelizmente necessária de ser dita no Brasil, país que ainda vê o lucro como a encarnação do capeta). Se isso significa passar o mesmo filme - dublado ainda por cima, argh! - em praticamente todas as sessões de todas as salas, paciência!

"Ah, Bruno, mas a falta de diversidade compromete a formação de novas plateias e a cultura cinematográfica brasileira!". Concordo! Mas ainda assim, pergunto: e daí? Primeiro: não é missão do Seu Araújo formar novas plateias, fomentar a cultura nacional e nem "ajudar" ninguém, como pede Fábio Porchat. Segundo: ainda que eu queira - e eu quero - ver mais pessoas frequentando mais vezes o cinema para ver uma maior variedade de bons títulos sendo exibidos, também não é menos verdade de que eu não tenho o direito nem a legitimidade para forçar ninguém a fazer o que eu quero!

Irrita, muito!, também essa mania do brasileiro, esse "complexo de mendigo", principalmente na cultura, de ficar sempre pedindo ajuda pra tudo. Ao invés de merecer e conquistar as coisas, superando os obstáculos, estamos sempre pedindo que alguém simplesmente os removam da nossa frente. Se essa ajuda vem de maneira voluntária, nada contra; o problema se dá quando somos obrigados a ajudar alguém, quer seja essa a nossa vontade ou não, como, por exemplo, quando a Ancine diz que irá impor uma cota de filmes nacionais, de modo a incentivar indústria cinematográfica nacional, ou quando o estado destina dinheiro público para produções culturais através da Lei Rouanet (que na minha opinião deveria ser abolida).

"Mas sem essa ajuda as coisas seriam muito mais difíceis, praticamente inviáveis, para muitos, a maioria dos artistas". Sim, sem dúvida, como já o são, exceto para aqueles "amigos do rei" que são agraciados com dinheiro do contribuinte. Para esse problema, respondo da seguinte maneira: assim como para a esmagadora maioria de todos nós, se virem! 








Nenhum comentário:

Postar um comentário